A minha equipa comercial pediu para reunir comigo. As reuniões eram frequentes, mas excecionalmente naquela semana não estava agendada nenhuma. Estavam insatisfeitos e queriam que eu soubesse. Mais, queriam que eu fizesse mudanças aos processos de trabalho e fazer-me sentir o quanto estavam magoados com algumas atitudes que tivera com eles.
Eu fui completamente apanhado de surpresa com o conteúdo daquela reunião. Imediatamente senti-me num tribunal, em julgamento, onde os queixosos e o júri eram as mesmas pessoas. Os meus colaboradores.
As emoções irromperam de forma abrupta. Humilhação, medo, indignação e muita ingratidão. A resposta foi agressividade. Passei-me com eles. Como comportamento gera comportamento, perdi a equipa.
Na minha cabeça, o diálogo interno era qualquer coisa deste género: eu não mereço isto, depois de tudo o que fiz por eles, isto é uma enorme ingratidão. Eles não têm razão. Vou fazê-los pagar.
Eu estive o tempo todo apenas focado em mim, nas minhas emoções, embora de forma automática, reagindo ao momento e sem tomar consciência do que estava a sentir ou fazer. Do ponto de vista das dimensões da inteligência emocional, a gestão das minhas emoções e capacidade de responder de forma a influenciar os outros falharam de forma miserável.
A capacidade para entender o que se passava com a minha equipa também não existiu. Eles, tal como eu, achavam que tinham razão. Aliás, achavam tanto, que até conseguiram juntar a coragem de me abordar daquela forma.
Ter razão, era o que menos importava naquele momento. O mais importante teria sido aproveitar aquele raro momento para compreender o que se passava com eles. Empaticamente conseguir ver a situação pela perspetiva deles.
Entender, não significava obrigatoriamente concordar, mas apenas mostrar que os valorizava o suficiente para fazer o esforço de sair da minha posição e colocar-me na posição deles. Não fui capaz de aproveitar essa dádiva deles.
No mínimo, o que se impunha que tivesse feito naquele momento era que ouvisse sem argumentar e avançar logo para um conflito. Deveria ter gerido as minhas emoções de forma a não deixar a agressividade tomar conta da situação. Ouvir apenas. Idealmente, teria conseguido mostrar que entendia a posição deles. Nem precisava concordar com eles. Bastaria fazê-los sentirem-se ouvidos e compreendidos.
A inteligência emocional é fundamental em situações de conflito. Mas não basta ter o conhecimento sobre o tema, não basta saber racionalmente o que é. É fundamental fazer um percurso de desenvolvimento pessoal no sentido de evitar respostas automáticas desajustadas e ganhar aquele espaço entre o estímulo e a resposta para poder pensar e gerir a nossa ação daí em diante. É passar de reagir, para agir de forma ponderada e intencional no sentido de responder ao problema e não às nossas necessidades emocionais do momento.
O mindfulness é uma excelente ferramenta para trabalhar a resposta aos impulsos e o coaching para desenvolver as restantes competências. Obviamente que saber mais sobre o tema da inteligência emocional também é muito importante.