Tive um colaborador numa posição de bastante responsabilidade que nunca tinha tido férias no mês de agosto. Os motivos prendiam-se com a sazonalidade do negócio e a exiguidade da estrutura da organização.
Um dia, considerei que era injusto ele nunca ter férias em agosto e que a estrutura tinha capacidade para suportar a situação. Falei com ele e disse-lhe que finalmente teria férias em agosto, após tantos anos na empresa. Ele agradeceu e ficámos assim.
Bastante tempo depois de gozar as férias, através de uma inconfidência de outro colega fico a saber que para ele aquilo tinha sido uma desconsideração enorme. O comentário foi: “ele já era tão pouco importante na empresa que até já podia ter férias em agosto”.
Fiquei abismado. Não conseguia acreditar no que ouvia. Eu julgando que estava a fazer um elogio e um esforço para agradar e afinal ficou zangado comigo e sentiu-se diminuído na empresa.
Mais tarde falámos sobre o assunto e pedi desculpa, esclarecendo as minhas intenções.
Na realidade é muito fácil assumir que sabemos o que os outros estão a pensar. Fazemo-lo a toda a hora. Pior. Baseamo-nos nessas assunções para interpretar os seus comportamentos. Naturalmente é muito mais seguro assumir que já sabemos que levantar determinados assuntos.
Neste caso estava tão cheio de mim e tão convencido que estava a fazer algo positivo para o meu funcionário que nem me ocorreu perguntar se era isso que ele realmente queria.
Tipicamente somos muito menos empáticos do que julgamos e assumimos demasiado. É muito melhor e mais eficiente criar um clima positivo de comunicação e dar espaço aos outros para poderem dizer o que realmente lhes vai na alma.
Às vezes basta perguntar e ouvir a resposta.