Dar-lhe com as verdades na cabeça para ver se muda

by | Coaching, Desenvolvimento Pessoal

Eu e a minha mulher temos o ritual de assistir a todos os programas do Chef Ljubomir e as suas tentativas de recuperar restaurantes em dificuldades. Ficamos sempre impressionados com o seu nível de conhecimentos e na capacidade de mudar tanto do funcionamento duma organização em tão pouco tempo.

No entanto o chef tem uma técnica para mudar o comportamento dos participantes, que apesar de ser divertida na TV, tem poucos resultados práticos. Trata-se de gritar-lhes que precisam de “acordar para a vida” e depois atira-lhes com as verdades à cara.

Umas vezes os participantes não vêm as coisas evidentes que ele diz, outras, até sabem, mas não querem ver. Ele não dá hipótese e diz tudo.

É comum acreditar-se que é uma boa estratégia. Inclusive entre coachs, há quem faça isto, acreditando que vai mudar o cliente devido à razão da intervenção e à energia colocada na forma de dizer as coisas.

Ironicamente, vários empresários, (participantes no programa) depois do privilégio de terem um chef reputado a dar-lhes consultoria e formação, regressaram aos comportamentos anteriores. Quase sempre com consequências negativas para os próprios.

Mas porquê? Pelo mesmo motivo que há pessoas que ainda fumam, têm excesso de peso, tomam drogas, entre tantos outros comportamentos prejudiciais à saúde. Não basta ter a informação. Não basta ser agredido com a verdade e muitas vezes, assustar também não é a melhor forma.

O ser humano tem uma necessidade intrínseca de se sentir autónomo nas suas escolhas. Nem que seja para abdicar dessa autonomia. Ninguém gosta de ser obrigado, mesmo que seja a algo benéfico para si.

Quando o objetivo é conseguir uma mudança de comportamento, tem de se começar pela motivação do próprio. A motivação do coach, do consultor ou do chef celebridade não são suficientes para garantir um processo de mudança duradouro, apenas a motivação do próprio pode fazer isso. Dar grandes “arrasos”, levantar a voz, argumentar, manipular e pressionar, apenas irá resultar em duas coisas. Resistência à mudança ou uma adesão superficial, que regride rapidamente para a forma anterior à primeira dificuldade ou mesmo sem ela.

Costuma-se dizer que não se apanham moscas com vinagre. Na motivação isso é bem verdade. Não se consegue mudar e motivar uma mudança significativa à força. Mesmo que seja o que o outro precisa ou merece ouvir, não resulta.

A mudança tem de ser feita apoiando os receios e procurando na motivação do outro o caminho para um novo comportamento, sempre em colaboração e dando-lhe espaço para ser ele a chegar lá, para que sinta que foi uma escolha sua. É isso que um bom coach deverá saber fazer com os seus clientes.

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