Saí de um compromisso e de seguida tinha outro, noutra cidade, mas estava com uma folga de tempo de mais de meia hora.
O que fazer? Não me apetecia ficar parado à espera, mas todas as alternativas demoravam demasiado tempo. Acabei por simplesmente ficar quieto e esperei.
Este tempo de espera, que de forma muito reveladora, qualifiquei de “tempo morto” suscitou todo o tipo de sentimentos. Primeiro irritação por não ter algo que me permitisse adiantar algum trabalho enquanto esperava. Aborrecimento por estar parado. Mas o sentimento dominante foi de culpa. Culpa por não estar a adiantar o trabalho, a aproveitar bem o tempo.
Esta culpa fez-me lembrar a forma orgulhosa como nos referimos à nossa falta de tempo. Dizer que não tenho tempo é uma forma de promoção social. É dizer que se é importante, tem muito que fazer, tem uma vida cheia. Estar parado é uma vergonha. Dai a um sentimento de culpa por estar parado, foi um saltinho.
A capacidade de sermos compassivos connosco próprios é um componente fundamental da nossa qualidade de vida. Disfrutar, sem culpa, de um momento de pausa é excelente para a nossa saúde e bem-estar emocional.
Incorpore na sua gestão de tempo momentos de pausa e recuperação. Caso a culpa se infiltre na conversa, diga-lhe que esta a investir no seu desempenho após a pausa e que continuar a trabalhar era fazer batota porque o rendimento já estava a diminuir. Ela irá compreender certamente.